sexta-feira, 19 de junho de 2009

Coraggioso?

Minha situação: curtindo demais o melhor amigo. Definitivamente o cara era hétero. Nem punha isso em dúvida. O que fazer? Não fiz nada. Me fingi de morto.

O duro é que nessas horas, "nada" talvez seja o pior que se tenha a fazer. Acaba-se por tapar a bomba com um pano, de modo que ela vai cozinhando, se aquecendo e o que em um primeiro momento poderia apenas estalar, quando se percebe, é capaz de um estouro que te tira do eixo.

Voltei a ficar ansioso. Seus convites para sair eram dolorosos. Por um lado, era ótimo estar com ele. Por outro, era angustiante. E já não queria voltar a me distanciar, por achar uma atitude extremamente egoista. Afinal, éramos amigos.

Comecei a prestar atenção em outros homens. Até então nunca tinha me imaginado com nenhum cara fora meu amigo.

Na época, morava em um prédio que tinha outros apartamentos com estudantes. Lá conheci um cara que, apesar de não gritar aos 4 ventos que curtia cara, tinha um buxixo acerca de sua sexualidade.

De conversas de elevador, um dia ele me convidou para ir a uma festa do curso dele. Acabei indo junto com outras pessoas do prédio.

Lá, conheci muita genta, mas nada diferente de uma festa. Até que uma hora prestei atenção na conversa de duas amigas minhas, que apontavam para um cara:

- Que cara lindo. Que corpo!

- É verdade. Eu o conheço. Ele fazia ginástica olímpica até algum tempo atrás. Mas nem adianta olhar. É um desperdício, mas ouvi dizer que o lance dele é cara.

- Duvido. Você tá tirando uma comigo...

E o cara era boa pinta mesmo. Na hora paguei um pau. Mais tarde, fiquei todo felizão quando o amigo do prédio veio apresentar umas pessoas para meu grupo, dentre elas, esse cara. Batemos papo. Ficou por aí mesmo. E dali, fui para casa com o cara na cabeça.

Passados alguns dias, entro no elevador e lá estava o amigo que me convidara para a festa. Já começou me zoando:

- Ae Ragazzo, conquistando corações, hein?! hehehe

- Como?

- O Zé veio perguntar de você para mim. Pagou um pau pra você.

- Tá louco? Tô fora... ehhehe

- Pode ficar tranquilo. Já falei que o seu lance é outro. Tô só tirando uma mesmo... hehe

E o elevador chegou. Despedimo-nos. Duas noites mal dormidas depois, toquei no apartamento de meu amigo de elevador. Com receio de faltarem palavras, fui na estratégia "ou-vai-ou-racha". Mais seco, impossível:

- Ragazzo? Você aqui? Tá precisando de alguma coisa?

- Você já beijou algum cara na vida?

Meu amigo de elevador deve ter passado por todas as cores do arco-íris. Ficou sem ar. Ficou quieto, gaguejou. Ao fim, disse:

- Já. Mas de boa, não comenta,ok? Desculpe ter zoado com você no elevador aquele dia, mas é que achei engraçado meu amigo ter ficado a fim do Ragazzo. Como disse, ele não vai te encher o saco. É um cara sossegado.

- Não é isso, cara. Vim aqui para te pedir duas coisas. A primeira, é que quero que você me apresente a ele. A segunda é que quero que você faça isso de um modo que ninguém fique sabendo.


Ele ficou branco. Achei que ia ter um troço na hora.

30 comentários:

T Jok disse...

Ragazzo!! Its the best story ever!!
Dont have any comment to do, I'm just laughin so hard lol.
It has happen to me tho. It was the way that my best straight friend knew I like guys.

Hugo disse...

Hummm q seriado massa, mal posso esperar o próximo episódio.

T Jok disse...

Porra! Foi mal ae rapazes, esqueci de "trocar" o idioma na mente.

Ragazzo! Essa foi a melhor de todas!!
Não consigo comentar de tanto rir e não tem muito a comentar tb.
Isso aconteceu comigo quando contei ao meu melhor amigo hetero que gostava de caras, principalmente dele. rsrs
Mas é isso, também
aguardo cenas do próximo episódio

Edu e Mau disse...

Supimpa!!!

Caco disse...

Bom demais!
Muito engraçado!
Ô mania de deixar a gente na curiosidade!
Beijos.

Spark disse...

Da-lhe Ragazzo!!!!

Ulisses disse...

@Ragazzo, preciso concordar com Caco. Golpe baixo isso... Deixar a gente com gostinho de quero mais. Humpf!

@T Jok, @Hugo, tem o que comentar sim: peguemos, por exemplo, a questão dos "buxixos":

Escutar buxixos é bom. Bom porque ficamos sabendo de potenciais presas - ou iscas (desde que não ameace o armário). Se não fosse isso, Ragazzo não iria lá descarregar a metralhadora.

Mas... vocês aí tem consciência se são ou não alvo de buxixos?
Como lidam com comentários?

Em determinada época em minha vida imagino que já fui alvo sim. Atualmente, creio que não. Como sei? Pelo comportamento das pessoas ao redor. E isso me tranquiliza... é como se eu tivesse certeza que meu arrmário está a salvo! rs

Jaspion disse...

Mto legall... adorei.. hahah!!!

Un ragazzo disse...

T Jok, don't worry. Choose any language. In case we cannot read it, it may work as an invition for us to learn it!!

Hugo, Caco, Spark, pior q nem foi de propósito. O que pega é q tô super apurado e não tá dando tempo de terminar a história de uma vez... hehe


Edu e Mau, tiraram do bau essa expressão, hein? heheh

Ulisses, já parei p pensar sobre esse lance de buxixos. Creio que é pior do que ter q bater de frente qdo se é assumido, pois é algo invisível. É como naqueles desenhos em q o inimigo é uma névoa e, logo, não adianta dar soco, pontapé, q nunca se tem o alvo acertado.

Jaspion, seja bem-vindo, cara!

Por fim, uma sutileza. Há uma razão bastante forte para a interrogação no título. Alguém sacou isso?

Abraços!!

Unknown disse...

Bacana sua historia vejo que nao sou o unico a passar por essas situações...Vivo a mesma situação, eh f... jah rolou muita intimidade sem sexo, entre a gente (eu e meu melhor amigo)apesar dele ser casado, mas ele eh muito travado... todas as meninas que me interessavam derrepente sumiram e eu soh via ele...

Ulisses disse...

Então, Ragazzo, às vezes me pergunto se essas pessoas alvo de fofocas tem consciência de que são "lembradas". Dá até vontade de perguntar!

Dias atrás lá no 3 Sem tirar Lucas abordou essa questão de, por estar no armário, ser possível ouvir comentários sem o filtro do politicamente correto.

Sobre a interrogação no título, eu não havia dado conta, mas agora que você deu a pista... Tu estava morrendo de medo, mas como é um cara impulsivo... (o lance de saber dos buxixos ajudou a tomar coragem?).

Kriok disse...

Eu entendo que o maior combustível da coragem, é o medo. Praticamos os atos mais corajosos quando somos expostos a situações de extremo medo. Medo de nos machucar, medo de morrer, medo de sermos chamados de covardes.
Será que você tomou essa atitude "corajosa" por ter um medo enorme de ser descoberto pelo seu amigo? Afinal, ele estando novamente próximo, podia desencadear algo que você não pudesse controlar e você poderia acabar se declarando pra ele, quem sabe? Desta forma, seria mais fácil pra você se expor a um estranho na tentativa de aplacar um pouco do que você sentia pelo seu amigo. Acho que viajei um pouco, mas deve ser por aí.Acertei?rs.
Abraços,cariocas e mineiros, pra você!rs

T Jok disse...

Ragazzo, entendi sua inquieta interrogação do título mas acho que uma exclamação soaria melhor :P

F F H disse...

Novelou. Acho desnecessário.

Un ragazzo disse...

A interrogação é o que me moveu a escrever o post. Por mais que aparentemente parecesse que eu estivesse sendo corajoso no que fiz, hoje olho pra trás e vejo o contrário. Fui o mais covarde possível. Busquei uma outra situação para aplacar um desejo que tinha alvo diferente, no caso, o amigo que tinha se mudado comigo (sobre o qual falei no post da semana passada). No fim das contas, foi uma fuga sem ter q me distanciar de novo dele. Enfim, no próximo post falarei um pouco das consequências disso.

Abraços

FFH, acordou de mau humor hj, é? hehehe
Já sei, é pq faz tempo q não me encontra no msn... hehehe

Unknown disse...

Nossa, me diverti lendo suas historias...
Melhor que crepusculo e Harry potter...

T Jok disse...

O que seria melhor, uma possível amizade perdida/talvez artificial ou uma fuga momentânia?
Afinal, como vc disse, são amigos até hoje. Não sei se ele sabe sobre sua condição, se já sabe quem garantiria que ele reagiria da mesma forma na época da sua "fuga"?

Abraços

silvajanjao@hotmail.com disse...

Cara,
apertei algum botão aqui e parei no seu blog e sabe o q vi...
me vi... com alguns anos a mais... e as mesmas inquietações, eu diria, assustador ou fantástico!
assustador pq aconteceu depois de 1 semana zanzando em sites e conhecendo um cara de 20 agindo como eu agia há 3 atrás (hj tenho 23)
fantástico pq me vi em vc, historias parecidas, jeito de pensar parecido, talvez seja o ego inflando... mas o seu texto sobre a vergonha (espetacular, diga-se de passagem), veio depois de me "humilhar" me confessando medroso, ou melhor, envergonhado, para um cara q conheci pela web...
Se puder, entre em contato comigo...sério mesmo...
silvajanjao@hotmail.com

Unknown disse...

Certos dilemas são tão facilmente evitados...

Chris disse...

Ragazzo,

Acho sim que a interrogação foi bem posta porque pelo que entendi seu melhor amigo morava no mesmo prédio que o cara que te convidou para a festa, logo, o risco que você correu ao agir da forma que você escreveu me passa a idéia de que inconscientemente você teve coragem de fazer algo próximo o suficiente para que, possivelmente, seu melhor amigo pudesse um dia saber, deduzir ou simplemente pensar nos fatos e te ver de uma forma diferente, abrir uma possibilidade para um diálogo que até o momento não haviam tido. Não sei explicar direito, por isso vou colocar um exemplo meu: tinha interesse no cara A que sempre estava comigo, mas nunca tive coragem nem de conversar sobre o assunto. Conhecemos um dia o cara B e ficamos sabendo que ele curtia caras. Mesmo que não fosse intencional, um dia me deixei levar em brincadeiras mais íntimas com o cara B, mas pensei no risco do cara A ficar sabendo, abrindo muits possibilidades ao meu ver. Parece que usei o cara B, mas não foi proposital, entretanto, porque resolvi correr o risco, ainda que mínimo, já que A e B tinham uma pequena ligação? Porque não resolvi então sair com C, D ou F que o A nunca viria a conhecer ou ouvir falar? Entendeu? Coragem?? Acho que sim. No seu caso também.

Sobre buxixos: Hoje faço questão de deixar "dúvidas" e sei que por isso eles podem existir sobre mim. Tenho fama de pegador, mas só pego mulheres que acho bonitas. Algumas das que não quero ficam bravas e precisam de um motivo. De vez em quando eu peço para avisá-las: Fala que sou gay! ahuahauhahauhhuahua. claro que isso gera dúvidas, mas logo ela(s) me vê ou fica sabendo que peguei outra fulana. Meus amigos as vezes racham de rir com isso, mas falar assim gera dúvidas sim... buxixos... rsrsrs Eu hoje prefiro que eles existam e como vê, as vezes eu mesmo provoco. Acho que assim preparo o terreno, caso eu precise. rsrsrs

Ah... tudo que você escreveu me lembrou de outra história... uma sobre gripe mal curada... rsrs Se estiver certo, faço idéia do que há por vir, mas continuo na expectativa!

Abs a todos!

T Jok disse...

Nada melhor do que provocar o buxixo e preparar o terreno, não é Chris?!

Chris disse...

T Jok, pois é... descobri isso a pouco tempo... Mas além de preparar o terreno, também abre possibilidades com caras que antes não existiam rsrs.

Ulisses disse...

@Ragazzo, eh... meus parafusos precisam de reparo. Dessa vez não consegui captar e interpretar sozinho o lance da interrogação. Precisou que você explicasse :(

Dependendo do quê for, em momentos de extremo stress, até pra lidar melhor com a situação, acho válido encontrar maneiras de fugir da realidade, senão a gente não aguenta o tranco.

Voltando aos buxixos...

@Chris e @T Jok, talvez estejamos fazendo uma pequena confusão aqui.
Quando Ragazzo falou que havia buxixos sobre o vizinho, entendi como uma coisa ruim, queimação de filme. Ficou claro no post que esse era um estigma que o vizinho não gostava de carregar.

Isso é bem diferente de quando propositalmente fazemos algumas brincadeiras, usamos frases com duplo sentido, que dependendo da maneira como sao ditas...

T Jok disse...

Pois é Ulisses, ficou claro que o vizinho não gostava de carregar tal "fama".

Mas os comentários acima falam de nós mesmo ,no caso, eu e Chris.

Chris disse...

Ulisses, T Jok, Ragazzo e demais: Voltando aos buxixos. Para nós que vivemos aventuras de armário, não sei até que ponto "podemos" nos preocupar, pois há situações em que as pessoas vão especular sim. Por exemplo, eu tenho um amigo gay, assumido. Quando o conheci ele não era (assumido). Atualmente é um dos meus melhores amigos, frequenta a minha casa (e toda a minha família sabe dele) e é também figurinha carimbada na nossa rodinha de cerveja. Todos que conheço sabem dele, mas quem eu não conheço e nos vê com ele já logo acha que quem está junto, também é. Especulações, buxixos. Outro dia mesmo eu estava conversando com uma menina sobre ele e ela disse: Quem te ver andando com o *** vai achar que você também é. Claro, este é só um exemplo. Claro que minha postura em qualquer lugar é a de sempre: ninguém suspeita de nada (a não ser que eu queira). Mas, por mais que nos preocupemos com buxixos, é quase impossível controlá-los. Não me preocupo em ser "discreto", porque não preciso. Sou eu mesmo e pronto, sem jeitos que indiciem "algo", sem nada na minha aparência para duvidar, mas por este único exemplo que citei, com certeza alguém já se perguntou sobre minha sexualidade. Pode incomodar quando ouço alguém comentar sobre algum cara com certa maldade no tom, mas comigo, decidi que não me preocupo mais acerca de buxixos. E acho que realmente não vale a pena se preocupar já que, quem realmente está ligado à minha vida familiar, social e profissional, não tem do que falar (eu acho). rs

Ah, meu amigo assumido também me considera pegador e até opina sobre as minas que me envolvo. Já me perguntei se ele suspeita de algo, mas não consegui chegar a uma conclusão. rs

Abs a todos!

Euzer Lopes disse...

Bem, pelos comentários aí em cima, não sou só eu quem tem curiosidade pelo que vem (ou veio) pela frente.
De qualquer forma, foi excelente a forma tanto como conduziu, como quando encerrou seu texto.
Parabéns!

Un ragazzo disse...

Pessoal,
estive ocupadíssimo nessa semana. Por isso meu sumiço daqui.

Chris, vc misturou um pouco as bolas...hehe Meu amigão da época por quem eu pagava um pau não morava no mesmo prédio... Qto ao cara que tinha alguns buxixos ao redor, não me aproximei dele para dar "dicas" ao meu amigo. Na verdade, eles nunca se conheceram.

Aproximei-me do cara, pois queria conhecer mais de um mundo pelo qual tinha muita curiosidade. Apenas isso. Além disso, tb rolava uma necessidade de provar aquilo q eu queria q rolasse com meu amigo, mas com outra pessoa, uma vez q a amizade com meu amigão era sagrada p mim.

T-Jok, até hoje esse meu amigo não sabe de mim. Somos grandes amigos e mesmo morando distantes, volta e meia damos um jeito de sentar para beber uma cerveja. Creio que se eu tivesse falado algo naquela hora, ele poderia não entender. Se pudesse voltar atrás, não mudaria de atitude. Não gostaria de arriscar a amizade que temos. Talvez hj até contasse, mas apenas porque meu lance com ele se resolveu em minha cabeça.

Silvajanjao, que bom que curtiu. Já te adicionei lá. Assim vc me explica melhor essa história da qual vc deixou algumas pistas em seu post... hehe

Chris, T Jok, Ulisses,
interessante esse lance de deixar as pessoas na dúvida, preparar território propositalmente. Tinha um amigo italiano que fazia muito isso. E digo, o cara me dava um tesão do caralho... heheh

Mas, voltando, creio que se é feito conscientemente, ainda se mantem certo controle. Daí a coisa vira um jogo até interessante.

E creio que já joguei esse jogo algumas vezes quando estou longe de casa... hehe

Agora, buxixos que não são semeados e controlados por quem os planta devem ser sempre ruins. Não creio que haja quem goste.

Abraços

T Jok disse...

O jogo é completamente interessante, principalmente pq vc descobre coisas através disso. Você induz a pessoa a pessoa dizer as opiniões dela sem sair do armário.

Chris disse...

rsrsrsrsrs.

Ragazzo, acho que misturei mesmo as bolas rs. Talvez porque, como postei, já fiz exatamente o que disse com segundas e até terceiras intenções. rsrs

Sobre os buxixos, concordo. Mas que é um jogo interessante, ah isso é!...

Abs a todos!

Anônimo disse...

Nossa, isso não vale... escrever de pouco em pouco é sacanagem rsrsrs. Eu quando contei pra um amigo sobre mim acho que foi a descarga de adrenalina mais forte que já tive na vida. Embora algumas pessoas saibam ainda estou no armário pro mundo. Mas nunca fiz isso de chegar e contar pra um conhecido dessa forma, acho que eu travava logo que o cara tivesse aberto a porta e inventava alguma desculpa esfarrapada tipo "você tem açucar, aí?"