domingo, 22 de novembro de 2009

Saltando de Cabeça

O que um churrasco que começa às 9h da manhã sem horas para terminar pode oferecer de surpresas?

Pela manhã, me olho no espelho e percebo um galo na testa e um nariz inchado.

Cecete!! O que aconteceu?

Ragazzo faz um esforço mental.

É... realmente muita coisa aconteceu. O galo e o nariz são fichinha. Fruto de um salto em uma piscina não funda o suficiente em um momento em que eu já deveria estar acorrentado ao farmacêutico tomando glicose.

E claro, com álcool na cabeça em um dia de adolescente, eu não fui ao médico.

Cena insólita: Ragazzo com um saco de gelo na mão esquerda para parar o inchaço do nariz e uma cerveja na direita.

Companheira de cena: uma amiga que, no churrasco anterior, quando nem nos conhecíamos tanto assim, tinha quase me agarrado à força.

Mini flash back explicativo: Nesse churrasco, há quase um ano, essa mesma amiga apertava meu braço com força quando eu conversava com outra garota e dizia: “Por que você está com ela se quem você quer sou eu?” Eu ria de canto de boca, enquanto meus amigos em volta rachavam o bico. Pouco tempo depois ela parou. Nunca achei tão bom alguém ter vomitado do meu lado.

E essa mesma amiga, que nesse meio tempo foi conquistando seu espaço comigo, ontem não queria ir ao churrasco, com vergonha da vez anterior. Eu retruquei e ela decidiu ir.

E voltando à cena do saco de gelo e da cerveja, ela me olhava com olhos de companheira, falando de seu rolo grudento que tinha ficando em casa. A gente riu e eu falei de filhos. Disse que meu maior sonho era a paternidade. E já emendei dizendo em tom de confidência que isso não era fácil quando se curte sair com caras.

Silêncio... pouco depois quebrado:

- Porra, Ragazzo, que bosta! Você é o sonho de consumo de toda mulher, mas prefere sair com caras? Mundo perdido mesmo esse.

Rimos e brindamos a isso.

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Adendo: Tem horas que o melhor é não pensar muito, ainda que bata uma saudade.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fantasmas

Um ano e meio se passou. Conhecemo-nos de modo peculiar. Em cada momento, uma faceta diante de uma sequência com lógica própria. Primeiro, fomos héteros. Depois, companheiros de chimarrão. Em seguida, de bar. Um dia, por conta de uma coincidência, tornamo-nos possibilidade um para o outro e, finalmente, começamos a dividir também a cama. Uma viagem longa em um momento de incertezas e pouco esforço nos afastou. Não tivemos um ponto final, mas sabíamos que a sentença já havia terminado.

Por que retomo tudo isso? Alguns dias atrás saí para uma viagem para uma reunião de trabalho. Uma espécie de concentração, em que todos ficam presos em um hotel no meio do nada. Uma espécie de Alcatraz de luxo.

Piso no hotel e quem eu encontro? O próprio fantasma. Ele estava com um grupo de amigos. Eu com outro. Cumprimentamo-nos um pouco embaraçados. Durante as reuniões e paradas, nossos grupos começaram a se aproximar. Ficaram todos em harmonia. Melhor, quase todos. Era um dos dois estar presente que o outro emudecia.

Ontem resolvi fugir com um amigo para um bar distante para ver um pouco da agitação da cidade. Mais uma traquinagem do destino. Meu amigo do além parece ter tido a mesma idéia. E em uma espécie de swing fraterno, passei a noite conversando animadamente com o amigo dele e ele com o meu. Entre nós, entretanto, as palavras poderiam ser contadas nos dedos das mãos.

Pode-se pensar que dois caras, mesma cidade, mesmos hábitos, mesma profissão e mesma sexualidade teriam de tudo para se aproximar, ainda que apenas como amigos. Porém ocorreu o oposto. A presença de um junto ao outro começou a incomodar como se um segredo pudesse a qualquer momento explodir.

Tentei fazer minha parte. Puxei papo. Fiz piada. Esforcei-me para mostrar que éramos apenas dois caras normais que, apesar do lance do passado, não tinham com que se preocupar. Tudo em vão. O cara estava muito tenso. Até recusou chimarrão, o que é mau sinal para um gaúcho que já estava dois dias sem.

Daqui de onde estou escrevendo consigo vê-lo também “trabalhando” em seu lap top. Ao mesmo tempo me lembro que da última vez em que havíamos nos visto pessoalmente, estávamos na cama combinando quando nos encontraríamos de novo. Naquele dia não quis dormir na casa dele, mas prometi que rolaria da próxima vez.

Palavras ao léu.

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Adendo:
Pessoal, agradeço a torcida, mas a ponte aérea está complicada. Tentei, tentei e tentaria mais ainda, porém não depende mais de mim.