segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Pós-Sexo

Muita gente diz que sexo é a melhor coisa do mundo. Eu discordo. Tem coisa melhor: o pós-sexo. Aqueles momentos deliciosos em que, deitados juntos, além de corpos, vidas são compartilhadas.

Mãos [se] acariciam sem aquela sofreguidão e anseio por um gozo que mais hora, menos hora, virá. Pernas se tocam. Pés buscam conhecer com maior desenvoltura a silhueta da outra coxa, da panturrilha, da planta do outro pé. Cafunés confortam o outro. Selinhos sem pimenta animam e expressam o seu sorriso ante palavras que agradam.

Sim, claro, um pós-sexo bom em geral ocorre quando o sexo foi do caralho. Depois da intimidade máxima de corpos ter se efetuado, abre-se a lacuna para uma corrente de pensamentos de todos os tipos: reflexivos, banais, engraçados, tristes, coloquiais, complexos.

Nunca o sexo foi determinante para mim. Por melhor que tenha sido, nunca quis ver novamente uma pessoa tão somente pelo sexo. Não, almejo mais. Sexo é muito simples para aquilo que busco. Sexo é corpo, é instinto. Além de instinto, viso aquilo que está escondido a sete chaves, que as pessoas não se dão conta de que existe no baú que são.

Às vezes acho que quando crianças já exercemos aquilo que nos completa ao tornarmo-nos adultos. Lembro que algumas das experiências mais reconfortantes ocorriam também em um quarto escuro. Com a luz apagada, fisicamente separados, malícia fora de questão, duas crianças conversando sobre a vida. Trocando segredos e confidências, até que a luz se acende e o pai de uma delas dizia: "Vamos dormir, crianças, que amanhã vocês têm aula". E ambos iam, sorrindo, mas também sabendo, ainda que não em palavras, que naquele breu confortável laços fortes tinham se estabelecido.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sobre ingredientes que faltam na dispensa

Vejamos quem acertou a conexão.

O Capetão foi em casa, escorregou, bateu a cabeça em um dos bolinhos de arroz que havia feito para ele e agora um [grande] cadáver nu jaz embaixo de minha cama, que fica me cutucando o colchão enquanto durmo devido às condições em que se encontrava pré-morte. Alguém disposto a me ajudar? Talvez alguém com uma família grande para fazermos uma feijoada em conjunto?

Não, é óbvio que não é essa relação com o post anterior. Primeiro porque eu nunca convidaria o Capetão para vir em casa tão rapidamente [minha casa é meu reduto e nunca se sabe se estamos convidando um vampiro que irá se instalar ali], nem faria bolinhos de arroz logo de cara para alguém [adoro cozinhar, mas reservo meus dotes culinários para quem realmente me importa].

E então, Ragazzo, qual é a relação? Simples. O Capetão tinha [quase] todos os atributos que em um primeiro momento me chamam a atenção em um homem, mas faltava um ingrediente que é o necessário para dar a liga do bolinho: intimidade.

Pelos comments, percebi que muitos consideraram que era o princípio de uma relação legal. Digo que estavam errados, e certos também. Era o princípio, sim, de alguma relação, mas não daquela que muitos imaginaram e que mesmo eu, em um momento de tempo estático aquecendo e sendo aquecido, pensei [mas bem brevemente].

Não me envolvo facilmente com alguém, mas frequentemente acredito nas possibilidades. Sou o tipo de cara que vai olhar para você e admirá-lo, mas para realmente se interessar de uma maneira mais duradoura precisa de muito, muito mais. É algo que se constrói com o tempo e do mesmo modo que é enrolado para começar, é difícil de acabar. Desse modo posso afirmar que amei poucas pessoas na vida, mas todas de modo bastante intenso.

E pensando nas ditas possibilidades, na falta do ingrediente intimidade, fui procurá-lo na dispensa e, para isso, saí mais uma vez com o Capetão. Fomos a um café para conversarmos à vontade. Vi que era um cara bastante inteligente [O cara falava seis línguas, três delas não triviais!] e de companhia agradável [opa... o bolinho de arroz estava sendo incrementado com queijo e pimenta], o que seria a possibilidade de se investir naquele ingrediente que faltava, se não fosse eu perceber ali um gosto que não aprecio. Foi como colocar açúcar no bolinho. O resto pode ser perfeito, mas o sabor não desce.

Esse ingrediente, que prefiro não comentar aqui pela publicidade do espaço, minou o meu incentivo. Poderia faltar bastante coisa [bolinho de arroz só com ovo, sal, pimenta e cebolinha pode ser muito bom também], mas dependendo do que se põe a mais a receita vira outra coisa.

E assim foi. A receita mudou: O Capetão, mantendo seu aumentativo natural, tem boa possibilidade de se tornar um amigão, mas não creio que passará disso.

Alguns podem achar que castro as possibilidades de dar certo com alguém. Eu digo que não. Apenas não sinto necessidade de criar relacionamentos artificialmente. Afinal, não sou [nem quero ser] dependente deles. Quero compartilhar e não depender [e espero o mesmo da recíproca]. Gosto que eles venham naturalmente, conquistados, em uma convergência entre idéias, convergência entre pessoas, nas pequenas ações que não passam desapercebidas pelo bom observador. Sobretudo essas pequenas coisas me conquistam.

Como não se fazer bolinhos de arroz

Esses dias, noite de domingo, eu de bobeira no MSN, estava faminto. Olhei para a geladeira e encontrei uma super tigela de arroz, resto de um almoço em que me inspirei para cozinhar.

Tive a grande idéia de transformar a super tigela de arroz em um super bolinho de arroz. Afinal, se ao invés de passar outro domingo à comida chinesa fosse para colocar a mão na massa, então que eu caprichasse.

Reconhecimento de território: alho, cebola, ovos, azeitonas, calabresa, cenoura, pimentão, queijo. Ótimo, vai ser mais que super, vai ser um mega bolinho de arroz.

E ao som de Ramones, toca o Ragazzo a mexer tudo. À medida que um ingrediente era acrescentado, minha boca enchia cada vez mais de água. Tudo picado e na bacia. Ovo batido e já junto. Uma pitada de fermento e agora só faltava farinha de trigo. Err... realmente faltava farinha de trigo, inclusive em minha dispensa.

Sem problemas, Ragazzo. É só usar seu poder de criatividade e substituir. Vejamos... Maisena? Não tem. Fubá? Não tem. Mas tinha farinha de milho! Afinal, é farinha do mesmo jeito, né?

Certo? Quase. É farinha, mas não dá liga. Tentei ainda fritar alguns, mas o máximo que consegui foi estragar óleo. Com as Super Vizinhas viajando em uma missão possível de contrabando de erva [-mate... para o chimarrão, que fique claro] para mim, a saída foi ligar para uma outra amiga, que acabou vindo inclusive trazer a farinha [de trigo, que fique claro tabém... hehe] de carro para mim [deu dó, porque estava um frio de tilintar os ossos].

E lá vai o Ragazzo tentar consertar o mega bolinho. Deu liga [ufa! Primeiro obstáculo traspassado!]. Próximo passo: fritá-los. Enfim, não ficaram tão bons quanto eu gostaria. Como falei para o Luan, que me acompanhava no MSN nesse ínterim, vendo pelo lado bom, de uma utilidade o bolinho passou para três. Além de [quase] comestível, seria a arma perfeita contra qualquer ladrão que quisesse me assaltar naquela noite e mais, poderia servir como um grande exercício para meus maxilares. Dia seguinte estaria até com um sorriso mais bonito devido à malhação.

Resumo da ópera:

1) Nem sempre um ingrediente é [in]substituível.

2) Se for substituir, pode até dar certo, mas possivelmente de uma maneira bem diversa daquela que você havia programado.

3) Com bons amigos, mesmo dando tudo muito errado, os mega bolinhos viram giga pedras, mas também tera risadas!

Já sei. Estão pensando: “O Ragazzo surtou de vez”. Surtei não. Tem tudo a ver com o desfecho da história contada no post “O Capetão e a Senhorita I.", que fica para outro dia, pois hoje já escrevi demais.

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Capetão e a Senhorita I.

Fim-de-semana passado participei de um encontro de uma comunidade de armariados. Já conhecia virtualmente duas pessoas que ali estariam e uma pessoalmente. Achei que seria um dia sossegado: sentar, beber algumas cervejas, conversar um pouco, levantar e ir embora.

Mas não é que me surpreendi? Para começar, em uma mesa com quase 30 pessoas se encontrava uma única armariada: a Srta I.. Uma garota linda, com rosto de princesa, porte de rainha, sorriso de anjo. Excelente impressão à primeira vista. Felicidade maior então quando descobri que ela é leitora deste blog. Sim, a garota perfeita acompanha esse espaço desde os primórdios. E creio que o encanto de Srta I. só não foi mais fatal sobre o Ragazzo [que já ensaiava cara de lobo mau] por em certo momento ela falar abertamente ao grupo de maneira bastante decidida que já há um bom tempo seus alvos são apenas Ragazze [mulheres de muita sorte as que passarem pelos caminhos da Srta I.!!].

Fomos todos para uma balada depois. Locais gls não são minha preferência, mas como a bela Srta I. mesmo disse: “Muito da diversão depende da galera com quem se vai”. E o Ragazzo, depois de uns 12 chopes junto foi.

Mesmo que às vezes possa aparentar o contrário, não sou fã de fazer a fila em nenhum local. Meu lance é dançar e ficar de boa com quem eu vou. Mas não sei se por já fazer algum tempo que não saía com caras, se pelos chopes e pelas 3 tequilas que ali tomei, se pelo ambiente recheado de pessoas interessantes ou se por um exercício de autossuperação e autoafirmação [talvez tudo isso e mais um pouco], mas me sentia impelido a flertar. Flertes com os olhos, flertes com o corpo, flertes com a voz.

Em resumo, adolesci. Barba-por-fazer que por mim passasse de algum modo se tornava intenção. E de intenção virava beijo. Na pista, cheguei a brincar algumas vezes de seduzir pelo olhar, sem palavras, culminando em um beijo sem reprise. Algo a princípio vazio, mas que não deixa de ter seu charme como jogo.

Porém não há como se jogar a noite inteira. O jogo fica chato por cair em uma mesmice [sem contar no rosto ralado...hehe]. As estratégias são as mesmas, as táticas de resistência não variam muito. E em um momento em que já havia cansado e parado com o jogo, bati os olhos em alguém que me interessou de verdade. Mais alto, corpulento, camisa pólo vermelha com alguns pelos do peito se mostrando a partir da gola, olhos cor-de-mel muito expressivos, sorriso perfeito e, claro, barba-por-fazer.

Achei a princípio que não rolaria [engraçado que quando realmente alguém te importa parece que tudo fica mais difícil]. Talvez o pessimismo seja um modo de se preparar para o caso de algo não dar certo, um modo de abaixar as expectativas.

Mas esse pessimismo não durou muito tempo. Quando vi, já brindávamos nossas cervejas em meio à dança. Olhos se encontravam, sorrisos se abriam e um beijo surgiu. O primeiro de muitos.

Dei-lhe até um apelido carinhoso, Capetão, pelas sombrancelhas fortes e bem marcadas, com uma pequena falha simétrica, que me lembravam um par de chifres. O aumentativo ficou por conta da altura do cara [bom frisar para a imaginação não ir muito longe...hehe].

E no encanto do momento, ainda que temperado por muita bebida, o tempo deixou um pouco de passar. E para manter esse relógio parado, abri mão de minha carona, abri mão de me despedir decentemente da Srta I. e dos amigos que ali estavam [até porque estou certo que ainda nos veremos muitas vezes] e, ironicamente, no calor do inferno, só não abri mão de minha jaqueta, que a admirável Srta. I. me trouxe do carro.

Bem que dizem. Se está no inferno, abrace o capeta. Melhor ainda se for Capetão...

sábado, 18 de julho de 2009

Sobre Pseudalidades e Manipulações

O primeiro passo foi o da negação: “Não, ele não fez isso. Deve ter sido um mal entendido.”. Cheguei a cogitar que tivesse realmente conhecido o cara da foto, que apenas não tinha coragem de se identificar como tal [pé no chão, Ragazzo!!].

Claro, não tenho o costume de me enganar por muito tempo, aceitei a crua realidade e dei chance à vazão de minha raiva.

Após algum tempo, mais calmo, pensei em que ajudaria ficar puto. E mais, qual era a razão pela qual estava tão zangado? O cara era legal, não havia como negar. Por mais que a embalagem fosse boa, isso nunca foi suficiente para me segurar em uma conversa. Age como incentivo, mas conteúdo é essencial.

Não havia teclado tantas horas com seu bíceps [mesmo que pelas fotos fossem um tanto quanto atrativos!], mas com algo às vezes difícil de encontrar: um cara reflexivo sem ser pesado.

Daí me dei conta que estava nervoso comigo mesmo por ter me deixado levar tão facilmente. É péssimo ver que em um descuido você foi manipulado de alguma maneira. Mas quem não manipula de uma forma ou de outra?

O bebê chorando manipula. A mulher fazendo dengo no maridão na cama manipula. O professor em sala de aula ao fazer uma piada ou chamar os alunos para o bar manipula. A mãe ao contar seu mau pressentimento sobre a saída do filho para a balada manipula. O Liberal ao repetir o curau da namorada mesmo sem gostar do prato manipula. Eu ao escolher os temas dos posts manipulo. A minha vizinha fazendo cara do gato do Shrek quando me pede algum favor manipula. O cachorro [até esse ser superior!] ao latir a noite inteira manipula.

Aqui falo da manipulação de um modo geral, como tentativas de direcionar as ações do outro de acordo com o próprio desejo. Nesse ponto tiro a aura pejorativa da manipulação, considerando-a apenas humana. Humana, vital e natural.

E digo mais, nem vejo isso como uma separação de classes do tipo manipulador versus manipulado. Todo mundo exerce seu poder à sua maneira.

Eu quando abri a cam, quando mostrei o Ragazzo com seu cão [aliás, um velhito e tanto!], o Ragazzo na piscina, os amigos do Ragazzo etc., também exercia ali meu poder, uma tentativa [inconsciente ou não] de manipulação ao usar minha imagem e meu cotidiano para de alguma maneira direcionar a relação de acordo com meu desejo.

E ele fez o mesmo, com a diferença que usava fotos que não eram próprias. E talvez pelo que ele tinha em mente na hora que o fez fosse coerente. Por que usar fotos reais, expondo-se, se você não tem intenção de materializar a relação um dia em uma mesa de bar ou em seu cotidiano?

Aí que está. Para mim, a virtualidade é um meio. Nunca um fim. As relações que aqui constituo se me são expressivas chega um momento em que não cabem na net. Esse espaço é pequeno para mim. Quero ver as idéias, sim, mas também os tropeços, o olhar, o mau humor.

Nesse interim houve um confronto. Em minha manipulação não me interessava criar um personagem, pois gosto da carnalidade do ser humano, de suas imperfeições, direcionando meu desejo e as formas de alcançá-lo nesse viés. Na manipulação de meu amigo o que valia era a abstração da relação, que ao seu modo de ver pode ser tão rica quanto qualquer outra.

Cada vez mais me convenço de que não existem culpados. Depende da perspectiva da qual se vê. Ao buscar a inocência de um psdeudo-culpado usando meu próprio sistema de verdades cresço, o que não aconteceria se eu simplesmente condenasse. A simples condenção é menor, pois não nos acrescenta em nada além de amargura.

E para resumir a história, o cara do pseudo-corpão [que até pode ter um de verdade, mas ainda desconheço] me escreveu um e-mail bastante sincero se desculpando. É um cara do bem que, de um ponto-de-vista, deu uma escorregada. Sendo um cara que dá prazer de conversar, com tattoos ou sem tattoos, não vejo a hora de reencontrá-lo no MSN para um papo legal, que no conteúdo de pseudo não tem nada.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Lendas Urbanas

Quando pequeno, uma das lendas urbanas de maior sucesso na escola onde estudava era a da famigerada “Loira do Banheiro”. Dizia ela que se falássemos três palavrões, pulássemos três vezes, déssemos três vezes a descarga e fizéssemos três vezes outras tantas coisas, então a Loira apareceria e do banheiro nunca mais sairíamos. Ragazzo, sempre desafiador, topou a parada prometendo ainda ganhar um beijo da temida, mas o máximo que conseguiu foi aumentar a conta de água da escola.

O tempo passa, a gente fica adulto, mas as lendas não se vão. Apenas mudam. E o Ragazzo aqui, que parece não aprender com a vida, continua desafiando-as. E uma hora tinha que se dar mal.

E eis a lenda urbana na Internet: “Cuidado com a net. Lá as pessoas se passam por outras.” O que? Eu, Ragazzo, cair nessa? Confio no meu taco. Sei quando uma pessoa está mentindo. Além disso, deixo claro desde a primeira conversa que posso omitir, mas nunca mentir. Aí claro que a Lei da Reciprocidade vai falar mais alto e a pessoa à frente da outra tela fará o mesmo. Lógica perfeita, não? Na verdade, mais falaciosa, impossível.

Nesse fim-de-semana que passou não estava para atmosfera de badalação e me entoquei. Tampouco queria falar com meus amigos, pois obviamente iriam tentar me animar, falar do quanto pessoas que nos são caras continuarão importantes mesmo depois de se irem etc. Nada que eu não saiba e muito do que eu não gostaria de conversar nesse momento, por mais que as intenções fossem para lá de boas. Vejam bem, não que eu não preze o que fariam por mim, pelo contrário, não poderia ser diferente, mas realmente precisava respirar ares menos cotidianos.

Assim, me aventurei em conhecer melhor os leitores aqui do blog no MSN. Tive conversas bastante interessantes e em um momento de bom humor além da dose recomendada, troquei sorrisos com algumas poucas pessoas, que [em minha cabeça] faziam o mesmo, seja por fotos ou por cam. Afinal, a Santa Lei da Reciprocidade é infalível, pensava o cara aqui.

Dentre essas pessoas, um cara bonitão, interessante e inteligente. Uma pseudo-embalagem com mesma pseudo-altura que eu, com um pseudo-corpo sarado, com pseudo-tatuagens de tirar o fôlego envolvendo um ótimo conteúdo que me chamou atenção e me prendeu por 3 dias seguidos no MSN, em conversas que caiam na madrugada. Ragazzo sorriu na cam, Ragazzo mostrou o seu cachorro, Ragazzo se mostrou na piscina, Ragazzo mostrou seus amigos, Ragazzo mostrou... [só isso mesmo...eheh]

E nessas conversas que [de minha parte] não levavam em consideração as pseudo-possibilidades, foi em que tomei no rabo [e nem venham querer fazer concurso para fazer o mesmo com o Ragazzo, seja qual for o sentido que considerarem para a frase... ehhe] da pior forma possível.

Após o último papo, em um momento pós-conversa, na falta de cigarros [parei de fumar há algum tempo e essa coisa ainda me faz falta depois de alguns momentos prazerosos], fui continuar a leitura de alguns blogs interessantes [agora, com mais tempo, decidi assumir a interação na blogosfera]. E não é que em um determinado post vejo diversas fotos com imagens que também tenho em meu computador? Sim, meus caros, aquele corpão com conteúdo estava ali, na versão embalagem com pseudo-conteúdo [realmente o dueto embalagem com conteúdo é raro hoje em dia e estou começando a achar que entra no mesmo grupo do Papai Noel, das Garotas-Fruta Inteligentes, dos Políticos Honestos e do prato de ricota delicioso], com outro nome, de outra região, com outra história de vida. As fotos de meu pseudo-novo-amigo eram de um modelo e personal trainer famoso, que o Ragazzo [que está mais para Lucas Silva e Silva no Mundo da Lua] não conhecia.

E de Ragazzo Pazzo me senti Ragazzo Scemo.

[A reflexão virá em outro post]

sábado, 11 de julho de 2009

Uma Questão de Fidelidade

Pessoal, Ragazzo voltando à ativa.

Tive duas semanas pouco participativas aqui. Ausentei-me das discussões por precisar dar uma ermitada, mas agora estou de volta.

Agradeço o apoio demonstrado por vocês nos comments!

Adianto que, pela primeira vez, escrevi um post-desabafo. Em geral, exponho assuntos que de alguma maneira quero compreender, mas o último foi para dar vazão mesmo.

E é engraçado como no meio do tormento encontramos pequenas coisas que nos animam. Na madrugada de domingo para segunda, enquanto esperava meu pai passar pela minha cidade para irmos ao velório de minha avó, passeando pela net evitando qualquer pessoa conhecida, encontrei um blog maneiro escrito por um cara que me parece bastante interessante.

Não se assustem com o título do blog: Gay Alpha. Sei que alguns de vocês, como eu, não gostam da palavra gay. O significado original do termo é algo em torno de alegre, feliz, jovial. E sempre quando ouço alguém falar em gay já me vem à cabeça um cara estereotipado espalhando sorrisos e delicadezas, daqueles que de manhã dão um "bom dia" sonoro para todos que encontra (eu perguntaria - Bom dia pra quem?.. É... antes de um banho matinal até o capeta tem medo do Ragazzo... hehe).

Mas, voltando, GA não tem nada de caricaturado. Lembra-me um livre pensador. Em seu blog, escreve de modo cativante, equilibrando louvavelmente humor e reflexão. Seu último post toca em um assunto deveras interessante: a fidelidade.

Assumindo a net como rede em essência, convido vocês a lerem lá sobre o assunto e, ao voltarem aqui, terão meu ponto-de-vista.

O discurso de GA é retoricamente bastante interessante e eu mesmo já me peguei muitas vezes falando na mesma direção. Agora, sempre que estou com alguém, me sinto dando tiro no pé. Não, não sou de modo algum ciumento, mas, na prática, não me apetecem relacionamentos fisicamente abertos.

E aí, Ragazzo, não sabia que você era possessivo. E aí que está: não sou. E me parece que mesmo aqueles que o são, a possessividade é mais sintoma do que doença.

O problema em sair com outras pessoas (vou preferir falar assim ao invés de traição, por esta já carregar um juízo de valor junto) não está em compartilhar fisicamente. A ferida é mais embaixo. Seu parceiro sair com outras pessoas é atestar uma limitação, mostrar claramente que você não o supre por completo, e, em um nível mais profundo, trata-se da negra possibilidade de essa terceira pessoa vir a se tornar mais importante que você. No fundo, o problema se resume a auto-estima e insegurança, aspectos inerentes em suas devidas proporções a todo ser humano. Cogito até que tenha um Q de biológico. Afinal, não somos uma espécie estável. Nascemos, crescemos, decaímos fisicamente. É fato que procuramos em algum momento certa estabilidade para quando não estivermos mais em ascensão. E por quê? Talvez por conta daqueles dois "defeitos" supra citados. Sem eles talvez não necessitássemos do outro, nem de uma sociedade com laços afetivos.

E por que não sermos todos puro desejo? Porque nem sempre desejos de diferentes pessoas convergem, o que dificultaria qualquer convivência além da pontual, o que inclui um relacionamento a dois. E aí o ser humano tem algo diferente dos animais: o poder de avaliação. Esse poder, que se pensarmos bem nada mais é do que a possibilidade de refrear racionalmente aquilo que desejamos, dentre outras coisas, possibilita a manutenção de algumas escolhas, algo como cortar o desejo por um bem maior.

Claro, tudo o que eu disse não faz nenhum sentido para pessoas que buscam em relacionamentos apenas a satisfação de desejos. Vejo-os, contudo, de maneira maior, como a possibilidade de construir algo que individualmente não seria possível, como a possibilidade de transcender a dois. E um dos modos para prezar por essa relação é evitar sua abertura para terceiros, quartos, quintos etc. Qualquer relacionamento tem altos e baixos. E no vale da montanha russa, incluir uma outra pessoa é sempre perigoso.

E onde que fica a traição, Ragazzo? Eu respondo que fica e não fica, dependendo do cliente. Para mim, tudo gira em torno de um contrato - às vezes verbalizado, outras escrito (como no casamento), e na maioria estabelecido pela tradição - mais ou menos acordado. O teor fica a cargo dos fregueses: uniões abertas (o que como já disse acho perigoso), relações que envolvem posse (que de longe me assustam) ou alguma outra que gostaria para mim, mas que ainda não sei definir... hehe

Dessa perspectiva, traição é algo simples: o ato de infringir cláusulas importantes desse contrato. E, no caso de infração, vale a pena repensar se o problema era com o contrato, se as cláusulas não eram tão importantes ou se é o caso de se desfazer a união. O que não vale é querer conscientemente trapacear o contrato, o que algumas vezes pode ocorrer quando o objetivo por trás da união é somente satisfação de necessidades.

Poxa, mas que modo frio de olhar para isso, Ragazzo? E é mesmo. Não gosto muito do discurso passional e humanista que gira em torno da palavra traição. Muitas vezes se perde muito por conta de infrações que, enxutas do orgulho ferido, são pouco significativas.

Eita post longo e confuso! Talvez porque eu mesmo me pegue em cada momento pensando algo diferente sobre o tema.

E para os que chegaram até aqui e que visitaram o blog de meu novo amigo vendo lá a indicação deste espaço, não pensem que a divulgação foi à base de troca... hehe Se indiquei é porque gostei mesmo e me senti impelido a discutir...

E que bom que na blogosfera ler vários blogs não infringe contrato! Uma traição a menos em nossas vidas...

domingo, 5 de julho de 2009

Casos de Família

Não iria postar esta semana, mas uma vez que não pregarei os olhos até amanhã cedo, mudei de idéia.

Ontem à noite, após uma semana de muito trabalho, na qual tive que usar muita energia física e psicológica, sai com alguns amigos para relaxar. No fim da noite, conversando com uma grande amiga, falávamos sobre sua família. Fiquei surpreso com algumas peculiaridades.

Caso 1: O Assumido

Um de seus tios é homossexual assumido e, por conta disso, ficou aparte da família até pouco tempo atrás, pois seu irmão (pai de minha amiga), mesmo sendo uma pessoa deveras generosa e bondosa, não aceitava o fato, mantendo uma distância física e dialógica, por nunca tocar no assunto.

Esse tio desde pequeno já sofria preconceito. O próprio pai, ao perceber os trejeitos do filho, o deu para primos cuidarem dele.

Depois do falecimento de seu irmão há dois anos, seu tio novamente se aproximou de toda a família.

Caso 2: O Enrustido

Outro tio, vulgo enrustido, atualmente major, teve uma infância bastante pobre e, para se manter na carreira escolhida, construiu toda uma fachada. Casou, teve uma filha, despontou como profissional. E nas horas vagas, é outra bandeira que hasteia.

Ainda que toda a família desconfie do que ocorre por trás das cortinas, ninguém toca no assunto e no Natal todos se abraçam.

Caso 3: O Liberto

Seu sobrinho, ídolo do pai de minha amiga, único varão dentre os netos, vivia calado, distante, triste. Criou por conta disso uma independência invejada. Após a morte do avô resolveu, com ajuda da tia, assumir um relacionamento com um cara. Hoje é outra pessoa. Aquela distância que, por um lado lhe possibilitou a independência, mas também o deixava além da pertença de um núcleo familiar, se desfez.

Refletindo...

O que ganhamos em esperar as pessoas de quem gostamos sairem de nossas vidas para podermos compartilhar aquilo que vivemos? No medo de expressarmos aquilo que sentimos, deixamos de lado aqueles de quem mais gostamos. Aquilo que é mais íntimo se torna mais fácil de ser confidenciado a um completo estranho no msn, em um blog ou em uma sala virtual do que àqueles que incondicionalmente gostam de nós.

Medo de não sermos o que os outros gostariam que fossemos? E por conta disso nos deixarmos mostrar como aquilo que não somos? Vida dupla é muito desgastante. O receio que se tem de a outra vida vir a ser descoberta pode nos levar a uma solidão pior do que aquela física. Uma solidão em que mesmo rodeado por muitos, não se tem ninguém com quem você saiba poder compartilhar-se como um todo.

Minha avó faleceu hoje. Morreu sem saber de quem eu já gostei, sem saber o que penso da vida, sem saber o que me faz sorrir e o que me faz ficar de olhos baixos, sem saber aquilo que me tira do sério, sem saber quando meus olhos brilham. Paradoxalmente, uma das pessoas mais importantes pra mim morrendo sem me conhecer.

Última vez que a vi, a abracei e ela me disse que não queria bisneto fora de hora. Disse também para eu namorar menos e visitá-la mais, que "rabo-de-saia" só serve para atrapalhar vida de homem. Eu sorri ternamente, beijei sua testa, pedi "benção" e fui embora... pra sempre.

Problemas

Por alguns acontecimentos, não postarei esta semana