segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O amigo da academia

Acabo de chegar de um restaurante. Fui com um amigo da academia, com quem não saía fazia já uns 2 anos.

Cara gente boa, conheci na própria academia onde malho. Na época, saímos para tomar umas cervejas. Cara super boa pinta, mas nunca havia passado pela minha cabeça que ele pudesse curtir. Até que um dia, um amigo da cidade vizinha, conhecido de net, disse que teclava com um cara que tinha o perfil que curto: no armário, barba por fazer, corpo malhado, que curte cerveja e viagens.

Marcamos um dia para sair. Fui mesmo pela curiosidade, pois nunca tinha passado por tal situação. Quando vejo o cara, a grande surpresa. Era meu amigo da academia. Na hora, ambos ficamos calados, sem saber o que dizer. Não conseguíamos nos olhar nos olhos. Constrangimento total.

Entretanto, como nos víamos todos os dias na academia, aos poucos o gelo foi quebrando. Voltamos a conversar como antes. Marcamos mais uma cerveja, a princípio, sem maldade nenhuma.

Fomos ao boteco de sempre e, para não fugir da regra, enchemos a cara. Na volta, ele foi me deixar em casa, só que não estava nem um pouco a fim de sair do carro. Ele sacou, continuou guiando. Fomos a um lugar meio ermo, em um bairro perto.

No carro, o de sempre. Quando fico com um cara, não me seguro. O lance é muito intenso e acho que essa energia acaba sendo compartilhada. A situação ajudava. Estávamos em uma estrada de terra sem postes de luz. Só a luz da lua mesmo. Fiquei louco quando ele disse que nunca havia dado para um cara, mas que para mim ele faria. Mas como estávamos sem proteção necessária, não rolou.

A conquista é minha propulsora. Não dá para imaginar o tesão que sinto quando vejo um cara com cara de machão, que não dá pinta, se render para mim, melhor ainda se eu perceber em sua voz um tom de receio, quando as palavras saem com dificuldade. É indescritível!

Voltando à história, tudo ia muito bem. Até que decidimos voltar, porque íamos acabar indo muito longe e estávamos sem proteção. Na hora de retornar o carro, não vimos que existia um burado na borda da estrada, onde o carro entrou.

Ficou preso. Não tinha como tirá-lo de lá. Iríamos ter que chamar um guincho, mas nenhum dos dois tinha o número. Caminhamos como dois tontos envergonhados para a casa mais próxima para pedir a lista.

Quando abriram a porta, novo susto. Quem atendeu conhecia meu amigo da academia. Meu amigo, gaguejando, falou que o carro tinha enguiçado. Gelei até que escutei o cara dizer: "Empresto a lista, mas só se vocês prometerem me chamar a próxima vez que forem fumar um". Aliviei total. Melhor passar por maconheiro do que ter o armário despedaçado.

De lá, fui para casa. Ele me ligou no dia seguinte, no outro, e no outro também. Mas desde o momento que ele me deixou em casa, sabia que não ficaria mais com ele. É triste saber, mas o mesmo que me encheu de tesão na noite anterior era o que me distanciava dele. A conquista para mim é o pico da relação. Quando passo por esse pico, meu interesse cai bruscamente. Não há explicação aparente e é algo que me incomoda por vários motivos. Primeiro, porque muitas vezes rola uma química animal com algumas pessoas que saio que, por sua vez, criam a expectativa de que foi tão bom, que é certo que vai continuar rolando. Outra, porque assim não consigo manter nenhuma relação com um nível satisfatório de interesse e satisfação por muito tempo.

Esse é um dos motivos que abri esse blog, o que aconteceu depois de um fim-de-semana que saí com um cara e com uma garota, ambos extraordinários. Ainda que cheios de qualidades, não senti vontade nenhuma de voltar a sair com nenhum deles. Quem sabe abrindo e discutindo um pouco de minha vida não me ajuda a entender melhor essas minhas ações?

E hoje, após dois anos, o que aconteceu com o cara? Ele voltou a me interessar. Quando? No dia em que o vi com uma garota. Me despertou desejo ver ele apertando aquela garota, pensando: "já apertei ele mais forte que isso!". Fiquei com ele hoje? Não. Fiquei com vontade de dar um beijo, mas não dei. Fui racional, ainda que ele me olhasse no carro com aquela mirada de cara safado. É um cara do bem e não quero zuá-lo de novo. Além disso, talvez viajemos juntos no carnaval e realmente não seria uma boa idéia que houvesse algo mal resolvido entre nós nessa época.

29 comentários:

Leandro RJ disse...

FODA A HISTÓRIA MLK

Un ragazzo disse...

Foi muito azar mesmo, Leandro!!!
Ainda numa época muito foda. Mais para frente falo um pouco do que tinha acontecido umas semanas antes.
Abraço

O Well Bernard disse...

Como eu queria que um dos carinhas da faculdade que eu tanto penso ser hetero e desejo fossem gays e eu descobrisse eles numa oportunidade com a sua.

Un ragazzo disse...

É Bernard, tô percebendo cada vez mais que toda essa repressão sexual dos últimos 20 anos está explodindo e muitos caras tem vontade de experienciar coisas novas. Até o meio do ano passado, nunca havia flertado com algum cara que eu não tivesse certeza ou quase certeza que curtisse. Fiz isso 3 vezes no último semestre (sempre bem longe do meu cotidiano... geralmente, em algum outro estado) e nas 3 vezes me dei bem. É uma volta ao flerte que não rola natralmente qdo se conhece alguém via net, pois nestes casos já se conhece a pessoa com segundas intenões. A sensação é muito boa.
Abraço

Unknown disse...

cara entento perfeitamente sua situaçao, pois vivo a mesma coisa. chego ao ponto de depois da conquista e do sexo querer levantar e ir embora, nao por insatisfaçao mas acho que por sensaçao d q ja fizemos o q tinhamos d fazer.
sou bi ativo e tb nao consigo me relacionar com homem nem com mulher por mto tempo tb por isso. to a 8 anos nessa voda e ate agora nao sabem d mim, tenho pinta d hetero msm o q me faz ter certo 'sucesso' com os caras e conheci mtos legais mas com todos aconteceu d a vontad d estar junto passar qdo o gozo jorrou, com mina é a msm coisa, conquistei, comi, gozei,... tchau, 'a gent se v qlqr dia por ai'. gostaria q fosse diferent mas nao consigo. gostaria d poder t ajudar no seu problema mas na verdad to aki apenas pra dizer q n esta sozinho

Un ragazzo disse...

Ae Anderson, valeu pela força. Curti também a exposição do que vc pensa e o que vive!
Realmente é algo assim que acontece comigo, com a diferença de que não sinto essa sensação de dever cumprido após o clímax, que também não precisa ser necessariamente no momento do jorro, mas na sensação de ter conquistado amplamente. Na verdade, após esse momento, a sensação que tenho é de vazio, de não saber mais o que aquela pessoa do meu lado tem a acrescentar. Ela se torna coadjuvante. Nas piores situações, chego a sentir pena. Esse é um dos pontos cruciais que quero entender nas discussões que rolarem por aqui.
Abraço!

Leandro RJ disse...

ATUALIZAAAAAA HAHAHAHA

Un ragazzo disse...

Ae Leandro,
pedido realizado!
Abraço

Unknown disse...

me sinto igual a ti...
depois que acaba a transa é levantar e ir embora...

Un ragazzo disse...

Sabe, Rodrigo, apesar de acontecer isso, é algo que eu realmente não curto que ocorra. Tenho trabalhado muito isso em mim. Tenho vontade de me deixar envolver mais do que fisicamente.

Anônimo disse...

O que tem feito para mudar? Afinal de contas vc sabe diferenciar bem o tesao, a conquista e ate onde pode ir para nao "zuar" a pessoa com que fica.
Cara, nao sei bem onde pretende chegar com o blog. Voce eh tao cheio das suas certezas. Repara o modo como responde as pessoas. Duvida e um pedido de ajuda questionavel. Talvez eu esteja mais vezes no time dos zuados, por isso a critica.kkk (Destesto pessoas egoistas e presuncosas. E voce me soa assim. Nao estou afirmando que seja!)
Penso que voce tenha que definir para vc mesmo o significado do egoismo. E apenas gostaria de lembrar que vc fica com pessoas e nao apenas com corpos "gostosos" que se movem. Saia na mundo quantitativo meu caro ou assuma de vez sua posicao. quero dizer assuma que tem o habito de mascarar suas historias vividas.
Nao se ofenda, apenas pontos para dialogarmos.

Anônimo disse...

....

Anônimo disse...

Que droga, nao to conseguindo postar com o meu nome... o cometario da anonima de cima sou eu "Ivich ou Marcelle"

Un ragazzo disse...

Cara Marcelle (ou Iviche... nunca sei a quem direcionar... hehe), fico feliz que tenha postado novamente. Criticas só são ruins quando impostas. Você, pelo contrário, as sugeriu de maneira bastante polida. Tais críticas fazem parte de um diálogo saudável. Faz-me pensar um pouco. Vamos lá.

A palavra "mudar" foi um pouco forte de minha parte. Creio que antes de mudar tenho que tomar a decisão se "quero mudar" e o "que mudar", o que só é possível com um exercício de compreensão bastante profundo. É o que eu tenho tentado fazer com esse blog, com as sessões de análise que, batendo de frente com alguns preconceitos que tinha, resolvi me submeter, com um espaço apenas meu em que coloco minhas memórias etc. Vejo como uma tentava de compreensão.

Falando especificamente deste blog, é um espaço em que eu abro a possibilidade de refletir sobre diferentes interpretações sobre o que faço, ou melhor, interpretações sobre as interpretações do que faço e exponho. É uma abertura à intersubjetividade e, por isso, tenho tentado responder a todos os comentários, tratando todos com bastante seriedade. Não desmereço nenhum.

Em relação à certeza, creio que uma interpretaçào é uma certeza temporária e são essas que eu deixo no blog. Não são certezas positivistas. São abertas a questionamentos e à possibilidade de mudança. O tom pode incomodar a algumas pessoas, pois tento argumentar o por quê de eu pensar assim ou assado, o que pode parecer uma tentativa de convencimento, mas asseguro que não é. Pelo contrário, é a de explicitação para mim mesmo do que minhas ações representam.

Hum.. ficar com pessoas ou ficar com corpos... Uma bela dicotomia, não acha? É uma pergunta interessante. Estou de saída e não quero escrever qualquer coisa. Assim, que eu pensar melhor volto a postar sobre isso (ah sim, e sobre a possibilidade de eu ser presunçoso e egoista tb! ehehe).

Aproveito e deixo uma pergunta: por que você se considera do "time dos zuados"?

Abraço

Anônimo disse...

Kra, Embora a parte da maconha seja a mais engraçada fico triste pela camisinha... Afinal, seria uma transa inesquecível, né?
Mas, o preocupante é o fato dessa insensante busca do nada... Sei lá, meio complicado de entender. Sabemos que temos uma atração pela pessoa do mesmo sexo, mas fica meio difícil acharmos uma pessoa como nós. Se é que estamos procurando uma pessoa como nós.. Ou na verdade se estamos procurando a nós mesmos nas outras. Será que isso é legal? Ou o que seria legal?
Bom, não sei se é certo, mas tento...TENTO, TENTO... Não sei até quando.... Mas, continuarei tentando....

Un ragazzo disse...

Rodrigo, vc tocou em um ponto viceral no qual tenho pensado muito a respeito: "Procuramos uma pessoa como nós ou procuramos nós mesmos nos outros?". Digo isso por mim, na minha dificuldade de encarar o diferente. As características que busco são as mesmas que eu tenho, mas acentuadas. Chega a me parecer um narcisismo radical. Talvez até mais forte, se pensarmos que esse espelho que buscamos não se trata de nós como somos, mas nós como gostaríamos de ser. Será a atração por um igual o extremo da admiração? E a atração pelo diferente, no caso de uma relaçào heterossexual, no que se baseia?

Abraços

Rodrigo disse...

Pois é kra.... Pergunta difícil... Mas, as coisas estão tão impostas que as vezes criamos esteriótipos para tudo e todos... Como todos deveriam ser e se vestir, enfim, pegando características construídas socialmente através dos anos por meio de nossas relações... E as vezes isso resulta em nós mesmos... Já percebeu como os kras dessas boates GLS são tão iguais?????? O que eles constróem p si mesmo? PERFEIÇÃO, PERFEIÇÃO, PERFEIÇÃO... E isso vai se alastrando como um vírus letal.... Coitados, não percebem a essência humana.... Mas, no fundo acabam buscando isso... A questão é de que forma?
Acredito que a atração pelo diferente na relação heterossexual se baseia na conquista, superação ou gosto pelo oposto... Posso estar errado? Posso sim! Mas e quando você se relaciona com alguém que tenha práticas convergentes? AFINIDADEs? Ou algo que transcende a linha do gostar?
Gnde abço brother....

Un ragazzo disse...

Ae Rodrigo, essas perguntas que vc coloca estão sendo discutidas no post da semana, que seu comment anterior inspirou... hehe Fique tranquilo, que não peguei os louros para mim e te citei lá... hehe

Lá coloquei uma possibilidade no post principal e, pelas discussões nos comentários, me veio outra à mente. Fique à vontade para participar lá tb. Certeza que aprenderemos um bocado juntos.

Abraço!

ZÉ MANÉ disse...

Essa parada de perder o interesse também acontece comigo.

Jefferson disse...

Caara, c tem que procurar uma ajuda, porque desse jeito, nessa busca de conquista desenfreada vc vaia acabar sozinho, como aqueles caras mais velhos, fortões que vc citou mais acima e disse ter medo de ficar que nem ele...

Olha, depois da conquista vem coisas uito melhores, o se conhecer mais, se descobrir mais, ver no outro uma coisa que vc nunca tinha visto anes..

Conselho de quem namora tem 7 anos rs

Abs

Un ragazzo disse...

Zé Mané,
creio que esse lance de perda de interesse é mais comum do que imaginamos e isso independe de sexualidade... hehe

Jefferson,
creio que a maior ajuda que eu posso me dar é procurar compreender o que faço e o modo como faço. Daí uma das funções deste blog, que está longe de ser um espaço de exposiçào gratuita de minha vida.. heh (até porque sou super reservado). Além disso, faz um mês e meio que tenho feito análise.

Concordo com vc q depois da conquista pode vir muita coisa interessante, contudo, me frustra a sensação de dependência que se institui. É como se o que eram dois se torna um com alguma dose de anulação de uma das partes.

Abraços

Anônimo disse...

Tenho histórias que gostaria de compartilhar, mas como? nao tenho nem coragem de abrir um blog e escrever.

Un ragazzo disse...

Se quiser conversar, Anônimo, para desabafar, trocar figurinhas, ou o que seja, deixe seu msn aqui, que eu o adiciono.
Abraços

thyaguynho disse...

tipo nao sei como dizer isso, sou bi so q nao tenho coragem de chegar em um cara nas mulheres chego com facilidade nos homens sinto atraido mas nao tenho coragem, nao sei pq tenho um vizinho q e super amigo meu, tirando q ele da umas indiretas meio loucas, ja pensei em continuar suas insinuacoes mas na hora apavoro e nao sei o q fazer? ele e lindo e malhado, bonito so q nao consigo falar com ele..mm e estranho isso.

Un ragazzo disse...

Thyaguynho, creio que todos aqui ou já passaram ou passarão por isso algum dia. Tente agir na calma. Ansiedade sempre atrapalha. Se tem interesse, vá dando trela ao seu vizinho, arrume maneiras de vê-lo a sós, chame-o para um cerveja, de modo que você dê chance para ele tomar a iniciativa, no caso de vc não ter coragem para isso.

Abraço

Anônimo disse...

Adorei a história...
Mas é muito difícil te entender. Talvez acompanhando seu blog eu consiga.

Un ragazzo disse...

A idéia é essa, Sara. Até porque eu mesmo nào me entendo bem por diversas vezes... ehhe Possivelmente as pessoas que me acompanhem no dia-a-dia entendam do Ragazzo menos do que um leitor assíduo do blog... Vai saber...

Abraços

Amanzzo disse...

Não tenho muita esperiência em postagens,se não aparecer meu nome ou algo do tipo sou o Marcelo que te add a pouco no orkut (08/08/09).

Ragazzo antes de ler o comentário do Rodrigo, pensava que vc só conseguia sentir interesse até a conqista porqe qeria se afirmar, vencer um desafio imposto por si mesmo ou melhor vc se sentia interessado pelo caras até o ponto da conquista, pois ele lhe pareciam objetivos inatingiveis ou de dificil ascesso, mas após a mesma vc vê qe ele tem interesses parecidos com os seus (atração por homens) penso que talvez inconscientemente vc possa ter atração pela imagem de virilidade, e hombridade (aparencia de heteros) que eles passam no inicio, por vc talvez se sentir um pouco a baixo dos outros pelo fato de se interessar por homens tb e viver numa sociedade tão machista e preconceituosa, digo isso porqe acontece comigo, não sei se o qe sinto por homens é atração ou apelas admiração pela imagem (citada a cima )qe eles me passam.

Mas tomando por base o comentário do Rodrigo penso que qe falta vc se encontrar consigo mesmo, se aceitando melhor, observando seus defeitos e qualidades e encontrar o eqilibrio em si,pode parecer clichê mas faltavc encontrar a felicidade dentro de vc, ai sim parará de tentar se encontrar em outrras pessoas porqe ja tera se encontrado e penso qe uma psicologa(o) pode te ajuda-lo a se reencontrar,pois tud o qe eu disse nesse segundo paragrafo é o qe tento encontrar em mim e nestes dois anos qe estou tento o um acompanhamento psicologico penso qe amadureci bastante, pois me aceito mais do qe no passado , masainda falta um longo caminmho pra mim.Desculpe se te ofendi em algum momento, pois minha intenção não é esta e sim a de tentar te ajudar,(não li todos os comentarios pode ser qe eu esteja sendo repetitivo)
estou gostando bastante do seu blog

Abraços

Un ragazzo disse...

Amigo/Marcelo/Cássio [se decida!! ehhe], já faço análise há algum tempo. Não sei se tento me encontrar nos outros. Se assim fosse, criar-se-ia uma relação de dependência, que na prática abomino. Creio que o buraco é mais embaixo... eheh Creio que a resposta acaba perpassando por tudo que eu escrevo.

Abraço