sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sobre ingredientes que faltam na dispensa

Vejamos quem acertou a conexão.

O Capetão foi em casa, escorregou, bateu a cabeça em um dos bolinhos de arroz que havia feito para ele e agora um [grande] cadáver nu jaz embaixo de minha cama, que fica me cutucando o colchão enquanto durmo devido às condições em que se encontrava pré-morte. Alguém disposto a me ajudar? Talvez alguém com uma família grande para fazermos uma feijoada em conjunto?

Não, é óbvio que não é essa relação com o post anterior. Primeiro porque eu nunca convidaria o Capetão para vir em casa tão rapidamente [minha casa é meu reduto e nunca se sabe se estamos convidando um vampiro que irá se instalar ali], nem faria bolinhos de arroz logo de cara para alguém [adoro cozinhar, mas reservo meus dotes culinários para quem realmente me importa].

E então, Ragazzo, qual é a relação? Simples. O Capetão tinha [quase] todos os atributos que em um primeiro momento me chamam a atenção em um homem, mas faltava um ingrediente que é o necessário para dar a liga do bolinho: intimidade.

Pelos comments, percebi que muitos consideraram que era o princípio de uma relação legal. Digo que estavam errados, e certos também. Era o princípio, sim, de alguma relação, mas não daquela que muitos imaginaram e que mesmo eu, em um momento de tempo estático aquecendo e sendo aquecido, pensei [mas bem brevemente].

Não me envolvo facilmente com alguém, mas frequentemente acredito nas possibilidades. Sou o tipo de cara que vai olhar para você e admirá-lo, mas para realmente se interessar de uma maneira mais duradoura precisa de muito, muito mais. É algo que se constrói com o tempo e do mesmo modo que é enrolado para começar, é difícil de acabar. Desse modo posso afirmar que amei poucas pessoas na vida, mas todas de modo bastante intenso.

E pensando nas ditas possibilidades, na falta do ingrediente intimidade, fui procurá-lo na dispensa e, para isso, saí mais uma vez com o Capetão. Fomos a um café para conversarmos à vontade. Vi que era um cara bastante inteligente [O cara falava seis línguas, três delas não triviais!] e de companhia agradável [opa... o bolinho de arroz estava sendo incrementado com queijo e pimenta], o que seria a possibilidade de se investir naquele ingrediente que faltava, se não fosse eu perceber ali um gosto que não aprecio. Foi como colocar açúcar no bolinho. O resto pode ser perfeito, mas o sabor não desce.

Esse ingrediente, que prefiro não comentar aqui pela publicidade do espaço, minou o meu incentivo. Poderia faltar bastante coisa [bolinho de arroz só com ovo, sal, pimenta e cebolinha pode ser muito bom também], mas dependendo do que se põe a mais a receita vira outra coisa.

E assim foi. A receita mudou: O Capetão, mantendo seu aumentativo natural, tem boa possibilidade de se tornar um amigão, mas não creio que passará disso.

Alguns podem achar que castro as possibilidades de dar certo com alguém. Eu digo que não. Apenas não sinto necessidade de criar relacionamentos artificialmente. Afinal, não sou [nem quero ser] dependente deles. Quero compartilhar e não depender [e espero o mesmo da recíproca]. Gosto que eles venham naturalmente, conquistados, em uma convergência entre idéias, convergência entre pessoas, nas pequenas ações que não passam desapercebidas pelo bom observador. Sobretudo essas pequenas coisas me conquistam.

28 comentários:

David® disse...

a vida é assim..inexplicável...mesmo qdo todos os ingredientes combinam, o bolo pode não dar liga. Outras vezes, vc troca o sal pelo açucar e nasce uma nova iguaria.

RP disse...

Gostei da parte " Sou o tipo de cara que vai olhar para você e admirá-lo".. Adoro!!! hehehe

Adorei o link comida + comido... oops... comida + relacionamentos. Instigante e confuso, mas mto bom.

Como já disse aqui uma vez.. Essa é mais uma coisa que... simplesmente... ACONTECE!!! ;)
Já olhei pra mim mesmo e me vi forçando gostar de alguém mais, ou de modo diferente, do que que o corpo (ou coração) manda.

Já me vi perguntando ao espelho "COMO VC PODE NÃO CURTIR AQUELE CARA???"
Percebi que isso não precisa de resposta. Como diria Sra. Lispector, a propria pergunta responde. Simplesmente é.

john disse...

Essa questão da intimidade como ingrediente é muito importante, acredito que quando se procura um relacionamento, deve-se observar todo o contexto da "receita". Você está certíssino.. Grande abraço.

Discípulo disse...

E não é que vc conseguiu estabelecer a improvável relação entre o bolinho e o capetão? Adorei!

Ler a metáfora do vampiro no meio de uma maratona de True Blood foi mais um ponto para Jung e sua afamada sincronicidade...

De mais a mais, acho que o Ragazzo tem um certo pudor em admitir de uma vez que ele não quer relação nenhuma. Com ninguém mais além de si mesmo. Mas não digo isso com tom de reprovação, pelo contrário, pois acho que este é o estado ideal das relações. Enfim...

Um abraço.
Cris

GALEGO disse...

Ah, Que pena! pensei que a ligação entre Bolinho de arroz mal sucedido + CAPETÃO do peito peludo, fosse = A pelo menos uma sobremesa de lamber os beiços....rsrs

mas eu ri com a idéia da feijoada.....muito boa...hahaha.

Falando sério....Eu acho que tem pessoas que sentem extrema necessidade de estar envolvida com alguem, mesmo que no fundo nem haja envolviemento e sim comodidade ou medo de solidão, você me parece ser o oposto, que não tem medo de solidão e fica bem sozinho, então é bem isso que vc disse, Por que investir em algo que não sente firmeza?...agora, intimidade é uma coisa que se conquista aos poucos, né?

Mas já que vc não quer mais... (vc conhece meu gosto), se não faltar pra ele aquele ingrediente q conversamos e concordamos outro dia, me apresenta :D ?
Porque vc sabe que eu to procurando.....hahahaha
zuando

abraçoooo

Duh... disse...

oi ragazzo... quase n comento teus posts, mas acompanho todos e esse em particular foi um dos q mais m identifiquei. principalmente no final, tb gosto da reciprocidade isso eh crucial numa relação. E tb na parte d q peqnas coisas m conquistam, sou exatamente assim, tô conhecendo uma pessoa e tô gostando muito dele, mas essas pqnas coisas q ele n está demonstrando estão m fazendo pensar.. adoro esse teu blog. Sonho em encontrar alguem como vc..
Abraços..

Marcos Vieiras disse...

Olá Ragazzo, acompanho seu blog ha um bom tempo. Desculpe por não comentar antes.

Achei interessante a relação do Bolinho com o Capetão. A intensão de não criar relacionamentos artificiais também me apetece. Compartilhar é sempre melhor. E os pequenos detalhes sempre contam, como contam, não é ? Eis uma questão apenas, será que assim não entramos em um ciclo de auto sabotagem? Partindo do principio de que a perfeição está sempre nos mínimos detalhes?

Parabéns pela forma e ritmo da escrita.

http://www.mvieiras.blogspot.com

T Jok disse...

Já estava sabendo que viria algo assim.
Como é díficil achar o ingrediente certo.
Será que não estamos procurando uma receita tão parecida com a nossa e, talvez, com os nossos própios ingredientes??


Abração!!!

Rodrigo disse...

Belo texto... é por ai mesmo, tem igredientes que combinam perfeitamente e outros, por parecerem exóticos, ficam de lado, mas que, se apreciado com cuidado, dão um banquete. Vai do gosto do fregues! ;)

metáforas a parte, ganhaste um admirador.

abs pra ti
=D

T Jok disse...

Chris ainda nao comentou?o.0
Acho que ele ainda nao sabe qual ingrediente ele quer, afinal, ultimamente ele está enrolado provando varios...

Ou será que foi abduzido pelo cadeirudo??

UAHUHAUHAHAHAU

Guy Franco disse...

Um amigão tá ótimo. Tá, mas entendo. Amigão tá bem abaixo de amigo. Você não vai chamar seu melhor amigo de amigão. Amigão você vai chamar aquele cara que aparece de vez em quando, com uma cerveja na mão.

Un ragazzo disse...

Realmente, pessoal, por mias que os ingredientes separados sejam perfeitos. Às vezes juntos, não rola a química e daí não dá p insistir.

Uomini, até quero uma relação, mas não uma nos moldes usuais. Ainda estou tentando descobrir como seria ela.

Galego, até rola um sentimento de solidão de vez em quando, mas sempre que isso acontece, evito usar as pessoas para saná-la. Sei que é interno. Aí não faz sentido buscar bengalas.

T Jok, quando falei de Narciso, há uns meses, tocava justamente nesse ponto. Tens um Q de razão.

Guy, não concordo muito contigo. Tenho pessoas do peito que chamo de amigões. Depende muito do modo como se usa as palavras. Nesse caso, usei de um modo não pejorativo.

Abraços!

PS: Realmente, o Chris ainda não deu as caras por aqui. Será que foi pego pela tal gripe palmeirense? hehe

Anônimo disse...

Vai nos deixar na curiosidade sobre qual é o sabor que você sentiu e não gostou?

Confesso que demorou pra cair a ficha sobre o que você estava falando. Acho que estou um pouco fora de órbita. Preciso voltar pra terra firme...

Tobias Fünke disse...

hahahaha, tb estava descrente de que vc conseguiria achar uma relação entre o não-bolinho-de-arroz e o Capetão...


Uomini/Cris: também adoro True Blood ;)

Anônimo disse...

Pessoal,

Descobri o gosto que o Ragazzo sentiu com o Capetão que minou o seu incentivo. É orégano.

Ele achou que o bolinho de arroz ficou com gosto de pizza e ele odeia pizza porque lembra da Itália, que por sua vez lembra de Roma, que lembra do império romano. Como o nosso querido Ragazzo é descendente dos gauleses ele ouviu muitas estórias do quanto o povo gaulês sofreu sob o jugo romano. A família dele se safou porque viviam na aldeia de Asterix, mas mesmo assim ele não gosta de nada que lembre a Itália e o império romano. Na verdade ele é descendende dos druidas gauleses. Por isso ele é tão sábio.

Então lembrem-se pessoal, nunca sirvam ao Ragazzo qualquer prato italiano nem nada que tenha orégano.

T Jok disse...

UHAUHAUHAUAHUAHUAHUAHUAHUHAUHAUHAUHAUHA
adorei Liberal.

mas eu digo, o ingrediente que faltou foi a cevada. Se tivesse, garanto que ele adoraria UHAUHAUHAUH



Chris, CADÊ VOCÊ???1?

Gustavo disse...

Feliz madrugada a que me deparei com o seu blog, realmente mto bom, uma escrita agradavel, leve, fluida...

Realmente tão bom q o li inteiro numa madrugada, ou melhor, em parte dele e nem me dei conta q o tempo passava...

Continuarei acompanhando...

Saudações.

Pedro Dolccine disse...

Ai ai... surpreso com o desfecho? Não Não estou...rsrsrsrsrs...
Ragazzo mio... o tempo passa, as coisas mudam e certas coisas continuam iguais... não vou desenvolver minha linha de raciocinio que você provavelmente deve saber qual é... mas as vezes o fato de não apreciarmos um tempero ou a ausência dele, não significa que o prato seja ruim, ou seja, as vezes um dos "temperos" se destaca tanto em um prato que os outros passam a ser coadjuvantes...
Bom imagino que vc tenha me entendido...ou não.
Abraços.

Victor F. disse...

Os posts estão ficando cada vez mais interessantes e já é notável alguma mudança de pensamento em você, Ragazzo. Talvez seja só impressão, não sei. Vai ver eu passei tanto tempo sem vir aqui (li uns dez posts atrasados) que a mudança ficou mais evidente.

Gostaria muito de conversar com você no MSN também, já que dá pra perceber que você está se abrindo mais com a galera. Será que dá? =D

T Jok disse...

quem dá??
uahuahuhahahauhauhahauha

Ragazzo, fiquei sem companheiro de blog :/

Chris foi abduzido pelo Cadeirudo.

Un ragazzo disse...

Pessoal, essa eu vou deixar vocês na curiosidades... hehe Muito mesmo pelo cara. Ele é gente boa e me sentiria mal falando algo que o depreciasse de alguma forma.

Liberal, orégano vai bem, mas se fosse salsinha, com certeza o prato estaria fora de meus prediletos... hehe

Pedro, vc me conhece há uns 3 anos e ainda insinua que eu não entendo? hauhahua Subestimas minha inteligência... hehe Concordo com o que dizes, mas o tempero que tinha realmente era um daqueles que não ia bem. Por outro lado, ambos sabemos q sou um cara chato para a culinária das relações... hehe

Victor F., sem problemas. Me mande seu msn por orkut ou e-mail, que eu te adiciono.

T Jok, realmente o Chris tá sumido e dominar o blog do Ragazzo sozinho fica muito difícil... heheh

O lance é abrir uma campanha de caça ao Chris. Alguém aí tem o msn ou e-mails dele?

Abraços

Chris disse...

Opa! Voltei!
Problemas na net em casa e muita correria! Mas, vcs não se livrarão de mim assim tão facilmente!

T Jok,
Continuaremos na luta com nosso plano! O que faremos hoje a noite? rs

Ragazzo,
Estou anotando todos os detalhes do que lhe agrada... Creio que não devo ser o único... rs
Ah, concordo com o que o Victor F disse. Tabém noto uma sutil mudança em vc.

Abs a todos!

T Jok disse...

Opa! A mesma coisa de todas as noites. Tentar dominar o Ragazzo. Ops... o blog, é claro.

haha Os detalhes que o agradam são interessantes mas, ainda continuo achando que o que vai fisgar o Ragazzo é um ingrediente que ele jamais pensou.


Essa sutil mudança já percebi há algum tempo, desde o post "lendas urbanas".

Un ragazzo disse...

Hum...hum...

Vejo que a dupla Cerébro Jok e Pinkhris realmente são bem observadores [e o Victor F. tb, claro... hehe].

Eu mesmo percebi essa mudança no estilo da escrita. E claro, parei para pensar sobre ela. Mais ainda, entendi a razão dela... ehhe

Mas esses detalhes são muito meus... hehe Prefiro não comentar. Tb sou um cara de entrelinhas... ehhe

Podemos dizer que é uma nova fase que eu inauguro, em que algumas coisas ficaram mais claras.
Quero coroá-la com [mais] uma tatuagem [literalmente].

Abraços!

Chris disse...

"Pinkhris"??? ahuahuahauhuhauha
Apesar de um tanto sugestivo e, eu não gostar muito de rosa, até que ficou engraçado! rs

Concordo com o comentário do T Jok... as vezes o que nos fisga é algo que foge um pouco do que estamos acostumados...

Ia sugerir para vc nos mostrar a tatu quando fizer, mas por vários motivos acredito que não vai rolar. Fiquei curioso.

Abs a todos!

T Jok disse...

UHAUHAHUAHHAHAUHAA Chris, vai ser mais facil vc ver o Lula na G do que a tatoo do Ragazzo.

Un ragazzo disse...

hauhahauhau Até parece que ver minha tattoo é tão difícil assim... hehe
Na verdade, milhares de pessoas já viram... [calma.. é que ela é bem exposta, e como passo uma boa parte do dia de regata e shorts...ehhe].
Se for pensar bem, a partir da semana que vem as chances de ver uma tattoo do Ragazzo ficarão triplicadas, já que farei mais duas.
Agora, uma coisa é ver as tattoos, outra coisa é entendê-las... hehehe

Abração!!

T Jok disse...

hahahaha Não se preocupe com isso. Aposto que o Chris irá saber como traduzi-las. ;)